terça-feira, 28 de julho de 2009

O TEMPLO DA VIDA









Quando Deus planejou o corpinho pomposo de Roberto, perfeito nas curvas e resistente no conteúdo, ele não imaginou que estaria ganhando de brinde a liberdade de fazer daquele corpo o que bem quisesse .
Cada centímetro deveria ser cuidado com zelo e responsabilidade, porque um dia prestaria contas daquele material recebido.
Todas as regras foram explicadas e o Criador lhe alertou que poderia aproveitar os prazeres do mundo e curtir a vida numa boa, mas sempre com muito respeito.Respeito pelos outros e principalmente por si mesmo, porque aquela massa muscular lhe acompanharia desde a infância até a velhice.
Um corpo não é apenas um pacote rechonchudo, ás vezes enfeitado, bonito e vistoso.Ou então envelhecido num canto qualquer, colocado de lado, como se não tivesse mais nenhum valor.
Todo corpo emana energia, aprisiona emoções e absorve a essência da vida, fazendo dele uma porta aberta para o Universo.A saúde do mundo nasce daqueles que “fazem AMOR”, multiplicando bondade e sorrisos eternos. A alma é um poema e o corpo, um livro com uma capa especial, que envolve todas as rimas.
Então Roberto se injuriou deste papo furado e quis logo nascer com a pose típica de um verdadeiro REI. Acreditava que o Criador havia exagerando no seu discurso cafona.Os tempos mudaram e ele queria mesmo ir para a galera!
Roberto foi mimado e tinha tudo o que bem queria, sambando na cabeça da família inteira com a boca no trombone:
- Quero colo! Quero dinheiro! Quero farra!- ordenava.Cresceu se achando o Poderoso Chefão, rodeado por mulheres que se diziam apaixonadas.Comia qualquer porcaria e “mamava” em todos os gargalhos.Abusava do sexo, das drogas e da malandragem, sem um pingo de pudor. E assim ia levando e sendo levado...
Não pensava na própria velhice e nem se lembrava que um dia deveria prestar contas ao Criador.
Quando Eles voltassem a conversar, Roberto não mostraria suas bagagens, simplesmente porque não as tinha.Havia levado uma vida fútil e vazia. E o muito que achou ter conquistado, seria pouco diante da Eternidade.Roberto nasceu, cresceu e envelheceu como qualquer mortal e já no bico do urubu, com sua cara de pau definhada, partiu para o outro lado, sem lenço ou documento.
Apenas carregava na lembrança uma vida preenchida por prazeres banais.E diante do Criador, haveriam de fazer o balanço do que foi lhe ofertado e do que estaria devolvendo.
Aquele pobre homem não tinha palavras para se desculpar, abaixando os olhos com muita vergonha por ter sido um proprietário relapso.E debruçado no colo do Pai Amoroso, chorou copiosamente feito um menino travesso.Eram lágrimas de arrependimento por demorar a compreender que o nosso corpo é o templo da criação e precisa de cuidados e muito respeito.Nós temos o compromisso de participar da história da Humanidade com sabedoria, garantindo para nós mesmos uma consciência tranqüila e merecedora de um final feliz!



Silmara Retti

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