domingo, 7 de junho de 2009

Fazendo Amor


O que acontece na vida de um casal nem as paredes confessam. E se as paredes do quarto de Seu Joaquim e dona Dirce confessassem alguma coisa, deixariam muita gente de cabelo empedrado e pasmo de susto!
A festa rolava solta e o sorriso frouxo de Seu Joaquim já dizia tudo e muito mais.Era musiquinha no ouvido, chamego no cangote e bituquinhas de amor ao ar livre... Estavam casados há um século, mas era como se fossem namoradinhos apaixonados.
Você acha que isto não faz bem para a saúde?
Era só reparar na pele macia de Dona Dirce e no seu jeito esperto de fazer aquela caminhada na praia. E Seu Joaquim também vivia sempre alegre e saltitante, com disposição para atravessar a rodovia Rio - Santos no maior gás do mundo.Não tinha preguiça de nada e quando alguém perguntava o segredo de tanta energia assim revirava o olhinho num suspiro gostoso!
Uns achavam graça e outros caiam matando, falando mal desta falta de respeito.
Que bobagem! O resultado daquele bom relacionamento amoroso estava ali, estampado para quem quisesse ver.
Sabe por que? Porque se sentiam de bem com a vida, namorando cada vez mais, sendo companheiros e cúmplices num casamento que dava super certo.Se nunca brigaram? É claro que sim!
Ela já dormiu na casa da mamãe...
Ele já arrumou as malas e jurou que não voltaria jamais.
Só que este arranca-rabo não durou muito tempo e quando voltaram às boas, Dona Dirce engravidou do seu segundo filho.
Impressionante como o tempo passa e tudo que sobe, desce!
É a lei da natureza e o corpo já não é mais nenhuma Brastemp.
Dona Dirce percebeu que alguma coisa estava mudando, pois Seu Joaquim começou a fingir que dormia.Roncava alto e fungava, deixando a mulher morta de raiva no cantinho da cama, se remoendo de lá pra cá.
Dizia estar com dor de cabeça ou com muito sono.
Dona Dirce ficava de plantão a noite toda, fritando na cama e achava até que aquele descarado tinha outro rabo de saia, mas não era nada disto.
Então resolveu a dormir em camas separadas, de medo que ela ficasse buzinando em sua orelha.
Quando percebia que entrava no quarto, se fazia de morto. Agora pouco se falavam.
Ela imaginava mil coisas na cabeça ...
- Meu Deus, como ele mudou! – pensava com seus “botões”.
Seu Joaquim começou a achar que musiquinha melosa e bituquinha no cangote eram tudo falta de respeito.
Dona Dirce caiu na tristeza e o casamento foi para o ralo.
Eles não tinham mais assunto, cumplicidade e companheirismo. Simplesmente porque Seu Joaquim não tinha coragem de dizer á mulher que não era mais o mesmo rapaz de antes e estava entrando em outra fase de sua vida.Pra falar a verdade, ela também.
É que não se conformava com o seu jeito sonso que não teve a petulância de lhe comentar sobre o acontecido.
Aliás, sobre o que nunca mais aconteceu.
Ficaram dias nesta brincadeira de esconde-esconde e numa noite de total solidão, dona Dirce não suportou mais aquele clima ridículo .
Entrou no quarto feito um trator e na mesma hora Seu Joaquim se fingiu de morto. Só que desta vez não teve desculpas!
Dona Dirce, uma mulher de 68 anos, pregou a mão no radinho de pilha, aumentando o volume do som.Acendeu a luz tão de repente que ele, por curiosidade, abriu a brecha do olho, dando de cara com sua Popozuda dançando kan-kan em cima da penteadeira.Só de lingerie vermelha e máscara de couro, como se fosse a própria Tiazona.
- Caramba, parece um sapo de peruca!- murmurou.
Encararam-se por um instante e ela soltou uma gargalhada.
- Ah, meu velho!
Ele também não agüentou e morreu de rir.Abraçaram-se, rolando na cama, na maior felicidade do mundo.
Foi uma noite inesquecível!
O sexo pode ser assim: uma troca de carícias, de momentos felizes e de carinho! Não importa o jeito que é feito, pois o importante é a sensação gostosa de fazer amor seja com os olhos, com palavras ou talvez com um simples toque de mãos!

SILMARA TORRES RETTI

Nenhum comentário:

Postar um comentário